Esta narrativa, envolvendo a questão da identidade de Jesus e a profissão de fé de Pedro, está associada à narrativa seguinte do primeiro anúncio da morte e ressurreição, conforme o querigma paulino.
Nos Evangelhos de Marcos e Lucas, a resposta de Pedro à pergunta de Jesus sobre sua identidade é breve: "Tu és o Cristo (messias)", e merece a repreensão de Jesus. Pedro e os demais discípulos acreditavam que Jesus seria o messias político esperado, que daria ao povo judeu a glória, como um novo Davi. Jesus rejeitava esta compreensão e procurava demovê-la da mente dos discípulos.
Mateus dá um novo sentido à resposta de Pedro. Acrescenta o título de "o Filho do Deus vivo". A expectativa messiânica gloriosa fica assim transferida da terra para o céu.
Sob esta nova perspectiva, que dá uma resposta à comunidade de Mateus, oriunda do Judaísmo, segue-se, agora, a fala de Jesus confirmando a profissão de seu messianismo celeste, ao declarar a fala de Pedro como revelação divina.
Com a visão teológica de Mateus ficam estabelecidas duas identidades para Jesus: uma é "o Filho do homem", o simples Jesus de Nazaré, inserido na humanidade, na sua humildade, porém dignificando-a e divinizando-a; a outra é o Cristo (cristo em grego, messias em hebraico), que é o Jesus ressuscitado, manifestado em poder e glória nos céus.
A exaltação da pessoa de Pedro sugere uma inserção redacional eclesiológica para confirmar a sua supremacia à frente da nova Igreja nascente.
Nos Atos dos Apóstolos (primeira leitura) evidencia-se o destaque que é dado a Pedro, dentre os discípulos que conviveram com Jesus.
Paulo, com seu trabalho missionário, registrado em suas cartas (segunda leitura) e em Atos, conquistou também um lugar de preeminência na Igreja, ao lado de Pedro.
Prof. Diácono Miguel A. Teodoro