“Hosana ao Filho de Davi, bendito o que vem em nome do Senhor" (Mt 21,9)


Estamos iniciando a Semana Santa e celebraremos os mistérios de nossa fé: a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.

A Palavra de Deus neste domingo, nos convida a fazer o caminho com Jesus que vai do carregar a Cruz ao Ressuscitar dos mortos. A primeira leitura Is 50,4-7 nos lembra a confiança que o profeta tem em Deus e o quanto é importante afirmar para todo o sempre que Deus não nos abandona.

Chamando-nos pelo nome, Deus nos assiste com sua graça e não permite que sejamos enganados e humilhados. Ele é o nosso defensor.

Ao Iniciarmos a Semana Santa, devemos olhar para a trajetória de Jesus que o levou à cruz. Neste Domingo de Ramos, a liturgia nos apresenta Jesus que entra solenemente em Jerusalém aclamado pelo povo que o chama de Rei, Filho de Davi e grita aos quatro ventos: “Bendito aquele que vem em nome do senhor, hosana nas alturas“.

O Profeta Isaias nos recorda que jamais seremos colocados de lado por Deus que nos orienta, guia e acompanha. “O Senhor Deus é meu Auxiliador,“ (Is 5,7).A Encarnação de Jesus se deu no silencio da casa de Maria. Seu nascimento se deu no despojamento da gruta de Belém.

Sua trajetória da infáncia à vida adulta foi também silenciosa com raros sinais públicos, mas, certamente com muitos sinais de vida plena para o pequeno grupo de Nazaré que com Ele convivia.

Quando chega a hora de manifestar-se ao mundo, não o faz com glória e na euforia. Procura o Batismo de João, programa sua missão e a assume, chamando para seus companheiros, homens simples e desprezados de seu tempo, pescadores, cobradores de impostos e outros mais. Sua vida se deu na humildade, e esta foi a sua marca.

Posicionou-se claramente para mostrar que o Reino de Deus era de Justiça e de verdade, que era dos pequenos e pobres, que era um tesouro encontrado que valia a pena vender tudo, deixar tudo, abandonar tudo para adquirí-lo.

Em momento nenhum apegou-se à condição divina para colocar-se acima dos outros. Em tudo se fez obediente até a morte e morte de cruz. É isso que nos diz a segunda leitura (Fl 2,6-11).“Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens.

“A semana santa nos traz este compromisso e nos convida a esta espiritualidade vivencial: somos homens e mulheres criados por Deus para na humildade, na fraternidade e na firmeza de propósitos contribuirmos com a construção do Reino entre nós.

Também é tempo de sabermos qual a nossa estatura, quem somos e o que podemos. Só não podemos nos esquecer que o caminho do Cristo e de seu Reino o levou à cruz e não nos levará ao aplauso e ao sucesso.

O Cristo incomodou com sua vida a realidade de seu tempo, e, nós não podemos fazer diferente.

A CF nos fez refletir, por exemplo, que há uma outra economia possível, que não podemos dar as mãos a esta economia que exclui muita gente e que tira a oportunidade das pessoas.

Há uma outra a ser construída que deve ser uma Economia de Comunhão, uma Economia Solidária, uma Economia de Inclusão.

As Igrejas escreveram no texto base, que precisamos rever inclusive os nossos próprios acúmulos. Disse também o que vem sendo repetido há décadas, que não se pode ter uma economia que escraviza as pessoas, que as leva ao consumismo, que as desumaniza, que transforma o dinheiro em deus.

“Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Lembremo-nos de Cristo que foi para a Cruz, não porque Deus Pai assim o quisesse (Deus não pode querer a morte de cruz para seu filho, nem a morte das filas dos hospitais, nem a morte da violência no trânsito ou no tráfico, nem a morte por fome, nem a morte por falta de oportunidade).

Deus é Pai! Lembremo-nos disso sempre. “Se nós que somos homens queremos o bem para nossos filhos, imaginem Deus que é Pai e que nos ama!” Jesus morreu na cruz porque incomodou a sociedade de seu tempo e fez disso o caminho para nossa salvação.

Sua cruz é redentora sim porque assim ele a assumiu. Lembremos da moeda a César: “daí a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus.” Esta frase é de incômodo e precisa ser repetida hoje.

O Ser Humano não existe para servir à Economia. Ela, a Economia é que deve estar a serviço da vida. Isso incomoda ainda hoje e o mundo, de modo especial os pobres preferidos de Deus, esperam uma resposta concreta das igrejas.

O Evangelho deste domingo é o da paixão: Mt 27,11-54. Sempre que o tenho à frente dos olhos e do coração, penso que a Cruz pela Cruz não tem o menor sentido, mas, que a Cruz de Jesus é carregada de significados porque é redentora, salvadora, libertadora. Ela não é um acaso. Jesus não foi a ela por engano. Sua vida a construiu. Suas opções o levaram a ela.

Penso então que minha cruz não precisa ser em vão. Penso que a cruz trazida pelo abandono, pela fome, pelo analfabetismo, pela falta de moradia, pela exclusão, pela intolerância, pela falta de fé e de comunhão não é e nem nunca foi desejo de Deus que é um Pai amoroso, e penso que esta cruz pode ser carregada de sentido, de significado, pode ser redentora, salvadora, libertadora.

(fonte: http://www.homilia.com.br/)