A novidade do Reino deve ser acolhida com humildade e simplicidade

Prof. Diácono Miguel A. Teodoro




No Evangelho de Marcos encontramos três narrativas com o mesmo tema, nas quais Jesus prenuncia seu sofrimento e morte em Jerusalém. São os três "anúncios da Paixão".





Os outros evangelistas sinóticos, Mateus e Lucas, que escreveram seus Evangelhos cerca de duas décadas após Marcos, possivelmente o tendo como referência, apresentam também estes três anúncios.



O primeiro anúncio é feito quando Jesus está encerrando seu ministério na região de Tiro e Sidônia, ao norte da Galiléia. Daí, ele com seus discípulos seguem o caminho em direção a Jerusalém, onde será celebrada a festa anual da Páscoa.



Na leitura do Evangelho de hoje, temos o segundo anúncio da Paixão, quando Jesus e seus discípulos atravessam a Galiléia. Jesus, não querendo deter-se nessa região, procura evitar que as multidões saibam de sua presença ali.



A repetição do anúncio da Paixão e da ressurreição visa a demover os discípulos das aspirações de messianismo triunfalista.



Jesus insiste em esclarecer os discípulos que não veio para assumir o poder, mas para libertar e promover a vida. Revela que ele é vulnerável à repressão dos poderosos, pressentindo a proximidade da morte.



O livro da Sabedoria descreve o sofrimento de um justo perseguido, o que foi aplicado a Jesus.



Contudo, os discípulos que o acompanham ainda pensam que ele poderia liderar um movimento de tomada do poder. Discutem entre si quem é o maior, isto é, quem ficará com os cargos mais importantes.



São os anseios antagônicos à proposta de Jesus, que provocam conflitos na comunidade.



Já no fim do ministério de Jesus, os discípulos ainda não compreendem plenamente a novidade de seu anúncio.



Tomando a criança como modelo, ele mostra a inversão dos valores do Reino: o que importa é o serviço com amor, e não o poder.



A novidade do Reino deve ser acolhida como fazem as crianças, que, na humildade e simplicidade, com admiração, acolhem os valores da vida.