O que batiza com o Espírito Santo


O batismo de Jesus segundo Mc é a investidura do Messias (Cristo) e Filho de Deus. A diferença em relação à missão do João Batista aparece em l,8: o batismo de João situa-se no nível da atitude humana de conversão; o batismo que Jesus trará é a efusão escatológica do Espírito.

João batizando Jesus é mais ou menos como Samuel derramando a unção na cabeça de Davi, rei escolhido por Deus: “A partir daquele momento o Espírito apoderou-se de Davi” (lSm 16,13). No batismo, o Espírito toma posse de Jesus e logo o impele para o deserto (Mc 1,12). Mas há uma diferença em relação a Davi e os profetas: os céus se rasgam, sinal da irrupção de Deus (cf Is 63,l6ss). E a vinda escatológica do Espírito que se realiza em Jesus. Mas essa irrupção é velada: quem vê o céu aberto (em Mc) é só Jesus, e só a ele se dirige a palavra “Tu és meu Filho amado, em ti está o meu agrado” (cf. Is 42,1; 44,2). Para Jesus, a visão do Reino que vem sobre a terra é clara, mas para os outros não. Ao longo de seu evangelho, Mc mostra que com Jesus veio o Reino, mas de um modo diferente do que se esperava. Sua missão messiânica tomará sempre mais a forma do Servo Sofredor .

Na visão de Mc, o batismo de Jesus é o começo do fim, “a inauguração secreta” do tempo messiânico. Só Jesus o sabe, por enquanto. (O segredo do Filho, confiado aqui a Jesus, será revelado aos discípulos prediletos em 9,7 e, no fim do evangelho, o centurião romano o reconhecerá, 15,39.) No querigma cristão, o batismo de Jesus é o início da proclamação de sua obra (cf. At 10,27ss, 1ª leitura).

Do livro "Liturgia Dominical", de Johan Konings, SJ, Editora Voz

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