CELEBRAMOS CRISTO REI



Experiência Missionária e Querigmática

D. Jacyr Francisco Braido
Bispo de Santos

O Ano Litúrgico se encerra com a Solenidade de Cristo Rei, uma síntese dos mistérios de Cristo celebrados durante o Ano Litúrgico: seu nascimento, no Natal; sua Paixão e Morte, na Quaresma e Semana Santa; sua Ressurreição, na Páscoa; e a vinda do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes, e a longa jornada de sua Pregação, durante o Tempo Comum.

Durante sua pregação, Jesus falou que veio para instaurar o Reino de Deus. E explicou sua essência com inúmeras parábolas: é serviço, é amor, é semente, é ocupar o último lugar, é fermento.... Na oração ao Pai, nos ensina a pedir: “Venha a nós o vosso Reino”.

Em nossa Diocese de Santos, esta solenidade ganhou destaque. Desde 1997, é feita uma grande concentração diocesana para celebrá-la de forma comunitária: na preparação do Novo Milênio (no Estádio da Portuguesa Santista (1997); na Vila Belmiro (1998), com celebração especial do Sacramento do Crisma, por iniciativa de Dom David Picão; no ano 2000, foi celebrada na

Catedral, em ocasião do Grande Jubileu convocado pelo Papa João Paulo II. Sua celebração continuou no Emissário Submarino e no Centro de Convenções de São Vicente, onde nos reuniremos, mais uma vez, para celebrá-la no próximo dia 22 de novembro.

O que celebramos nesta Solenidade? Celebramos Jesus Cristo com participação especial, na parte da manhã, de representantes de todas as Regiões e Paróquias da Diocese, dos sacerdotes, religiosas e leigos, especialmente os jovens, catequistas e as famílias (prioridades de nossas Diretrizes Pastorais Diocesanas). É uma celebração especial, comunitária e quer representar o dinamismo diocesano, através de um gesto especial.

Não quer ser continuidade de uma “tradição” que se criou, nem deseja prejudicar a participação de idosos e outros dependentes, pois haverá celebração paroquial e nas comunidades à tarde. É um símbolo de busca de unidade em nossa atividade de evangelização. Faz parte de “um processo de iniciação cristã e de formação permanente que retroalimente a fé dos discípulos do Senhor integrando o conhecimento, o sentimento e o comportamento” (DA, 518, d). É um gesto querigmático.

E para citar mais expressamente o Documento de Aparecida, é importante relembrar o que nos diz, em seu número 12, citando o Papa Bento XVI: “A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou por uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DA, 12).

Impressionante! O Documento afirma que a todos nos toca recomeçar a partir de Cristo. Podemos nos perguntar: Recomeçar? Por quê? Não estamos a caminho? Não somos atuantes na Igreja?

Certamente que sim. Entretanto, lemos ainda no mesmo Documento esta Mensagem do Papa Bento XVI que nos estimula a procurar sempre a presença reanimadora de Jesus: “Os trabalhos da V Conferência nos levam a fazer nossa a súplica dos discípulos de Emaús: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando” (Lc 24, 29).

“Ficai conosco, Senhor, acompanhai-nos, ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-vos. Ficai conosco, porque as sombras vão se tornando densas ao nosso redor, e vós sois a Luz; em nossos corações se insinua a desesperança, e vós nos fazeis arder com a certeza da Páscoa.

Estamos cansados do caminho, mas vós nos confortais com a fração do pão para anunciar aos nossos irmãos que na verdade ressuscitastes e nos destes a missão de ser testemunhas da vossa ressurreição.

Ficai conosco, Senhor, quando ao redor da nossa fé católica surgem as névoas da dúvida; vós que sois a própria Verdade como revelador do Pai, iluminai nossas mentes com a vossa Palavra; ajudai-nos a sentir a beleza de crer em vós” (Mensagem de Bento XVI).

Em nossas Comunidades, Paróquias e Regiões, busquemos esta presença confortadora de Jesus de que temos tanta necessidade para fazer frente a uma “cultura” de nossa civilização, sobretudo urbana. Mas o gesto concreto e comunitário, diocesano, eclesial, é importante para nos sentirmos irmãos e irmãs em nossa caminhada de fé em sua experiência querigmática. Façamos este gesto com generoso esforço de participação.

O Reino de Deus está entre nós e se realiza em nossa coragem de sairmos de nós mesmos e buscarmos a comunhão e a solidariedade. Sempre. Mas especialmente num momento todo especial.

A Palavra de Deus nos ilumina: “EU SOU REI! Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18, 37). Eis como o Papa João Paulo II sintetiza a Palavra de Deus nesta solenidade:

“Esta afirmação de Jesus diante de Pilatos nos dá a verdadeira dimensão de seu Reino e de nossa adesão a ele: ser da verdade. Diante do mundo de hoje, ao mesmo tempo tão convencido de seus caminhos (laicidade) e também surpreendido pelas incertezas e angústias da vida, Jesus se apresenta como aquele que veio a este mundo para dar testemunho da verdade.

E Ele o dá com sua palavra e com sua entrega decidida à vontade do Pai, com sua morte e ressurreição. Nós estamos comprometidos e empenhados em servir a este seu Reino no mundo de hoje. Queremos ser da verdade: pertencer a Ele com decisão!”

“Jesus Cristo é «a Testemunha fiel» (Cfr. Apoc. 1, 5), como afirma o Autor do Apocalipse. É «a Testemunha fiel» do domínio de Deus na criação e, sobretudo, na história do homem. De fato Deus, como criador e, ao mesmo tempo, como Pai, formou o homem, desde o início.

Por isso está Ele, como Criador e como Pai, sempre presente na sua história. Tornou-se não apenas o Princípio e o Fim de todo o criado, mas também o Senhor da história e o Deus da Aliança: Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele que é, que era e que há de vir, o Senhor do Universo (Apoc. 1, 8). Jesus Cristo — «Testemunha fiel» — veio ao mundo precisamente para dar testemunho desta verdade”.

“A Sua vinda no tempo! — quão concretamente e de modo sugestivo a preanunciaria o profeta Daniel na sua visão messiânica, falando na vinda de um filho de homem (Dan. 7, 13) e delineando a dimensão espiritual do Seu reino nestes termos: Foi-Lhe entregue o domínio, a majestade e a realeza, e todos os povos, nações e línguas O serviram. O Seu domínio é domínio eterno, que não passará jamais, e a Sua realeza não será destruída (Ibid. 7, 14). É assim que o profeta Daniel, provavelmente no século VI, viu o reino de Cristo antes de Ele ter vindo ao mundo”.

“Aquilo que se passou diante de Pilatos na sexta-feira antes da Páscoa permite-nos expurgar a imagem profética de Daniel de qualquer associação imprópria. De fato, o «Filho do homem» mesmo responde à pergunta que lhe fez o governador romano. Esta resposta manifesta-se deste modo: O Meu Reino não é deste mundo. Se o Meu Reino fosse deste mundo, os Meus guardas lutariam, para que eu não fosse entregue aos Judeus. Mas, de fato, o Meu Reino não é aqui” (Jo. 18, 36).

“Pilatos, representante do poder exercido em nome da poderosa Roma sobre o território da Palestina, homem que pensa segundo as categorias temporais e políticas, não entende tal resposta. Por isso pergunta pela segunda vez: Logo, Tu és Rei?” (Ibid. 18, 37).

“Também Cristo responde pela segunda vez. Como na primeira explicou em que sentido não era rei, assim agora, para responder totalmente à pergunta de Pilatos e, ao mesmo tempo, à pergunta de toda a história da humanidade, de todos os soberanos e de todos os políticos, responde assim: Sou Rei. Se nasci, se vim a este mundo, foi para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a Minha voz” (Cfr. ibid.). “Esta resposta, em ligação com a primeira, exprime toda a verdade sobre o Seu reino; toda a verdade sobre Cristo Rei.

“Nesta verdade se encerram, igualmente, as ulteriores palavras do Apocalipse: Ei-lO que vem entre as nuvens (assim se exprimira já Daniel). Todos o verão com os seus próprios olhos, até aqueles que O transpassaram... Sim.Amém!” (Apoc. 1, 7) (Homilia de João Paulo II – Fonte do Vaticano).

Esta mensagem de Cristo Rei ilumine nossa caminhada neste Mês de novembro, dando visão Cristocêntrica a todas as celebrações, de modo especial a Celebração de todos os Santos e Santas e a Comemoração dos Finados.

(fonte: http://www.cnbb.org.br/)

Capítulo das Esteiras/2009

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