Jesus é superior à lei


A palavra de Deus propõe leis e normas que favorecem a vida do povo e não se detém muito em insignificâncias.

Neste domingo o Senhor nos convida à caridade, a verdadeira liturgia que agrada a Deus.

Religião não é tanto realizar uma série de ritos de purificação, mas, sim, fazer a opção pelo seu projeto, que se concretiza na prática da solidariedade.

Rezemos hoje pelos catequistas, os apóstolos de nossas comunidades, para que deem, pela sua vida, testemunho da Palavra de Deus.

"Só Tu tens palavras de Vida Eterna"


Mais uma vez, a bíblia deixa claro que diante de Jesus e das suas palavras, o ouvinte tem que tomar uma decisão radical. E os versículos do nosso texto não escondem o fato que nem todos conseguem optar por Jesus.

As primeiras palavras de hoje “depois de ter ouvido isso” demonstra que a divisão nasceu a partir de algum ensinamento de Jesus, sem explicitar o motivo exato da discussão.

As preocupações comunitárias dos versículos anteriores, a afirmação de Jesus de que ele dá o seu corpo como pão da vida e o fato que o texto se dirige aos discípulos, indicam que provavelmente foi o discurso eucarístico a fonte de divisão.

Porém, a afirmação de Jesus de que ele “dá a vida”- o que causou já uma divisão em 5 19-47, e a identificação da sua palavra reveladora com “o pão vindo do céu” na primeira parte do discurso, talvez tenham criado a controvérsia.

De qualquer maneira é importante notar que a divisão não se dá entre “os judeus”, mas entre os próprios discípulos, muitos dos quais abandonam Jesus neste momento. Sem dúvida, essa historia reflete a experiência da comunidade do Discípulo Amado, pelo ano 90, quando estava sentindo na pele as dores de divisão, pois muitos dos seus membros estavam abandonando-a (essa divisão é o pano do fundo das três Cartas Joaninas)

É muito interessante a reação de Jesus diante do abandono da maioria dos seus discípulos. Ele não arreda pé, mas com todo calma até convida os Doze para saírem, se não podem aceitar a sua palavra.

Jesus não se preocupa com números – mas com a fidelidade ao Pai. Talvez até fique sozinho, mas não vai diluir em nada as exigências do seguimento da vontade do Pai. Um exemplo importante para nós, pois muitas vezes caímos na tentação de julgar o êxito pelos números! Igrejas cheias indicam sucesso!

Mas nem sempre é assim – é mais importante ser coerente com o Evangelho, custe o que custar, do que “fazer média” com a sociedade, as vezes através duma pregação tão insossa, que reduz a religião a mero sentimentalismo, sem conseqüências sociais.

Mas devemos cuidar de não interpretar erradamente as palavras de Jesus em v. 63 quando diz que “É o Espírito que vivifica, a carne para nada serve”. As vezes usa-se essa frase (e outras de João) para justificar uma religião dualista, onde tudo que é “espírito” é bom e tudo que é material é do mal! Aqui João não distingue duas partes do ser humano, mas duas maneiras de viver!

A carne é a pessoa humana entregue a si mesma, incapaz de entender o sentido profundo das palavras e dos sinais de Jesus; o espírito é a força que ilumina as pessoas e abre os seus olhos para que possam entender a Palavra de Deus que se pronuncia em Jesus.

Diante do desafio de Jesus, Pedro resume a visão dos que percebem em Jesus algo mais do que um mero pregador. A quem iriam? Pois só Jesus tem as palavras de vida eterna! Declaração atual, pois é moda na nossa sociedade – até entre muitos católicos praticantes – de correr atrás de tudo que é novidades: supostas aparições, esoterismo, religiões orientais, gnosticismo, escritos apócrifos e tantas outras propostas, as vezes até esdrúxulas, enquanto se ignora a Palavra de Deus nas Escrituras.

O texto de hoje nos convida a nos examinarmos, a verificarmos se estamos realmente buscando a verdade onde ela se encontra, ou se a deixamos de lado, achando – como as multidão no texto – que o seguimento de Jesus “é duro demais”! No meio de tantas propostas de vida, estamos convidados a reencontrarmos a fonte da verdadeira felicidade e da verdadeira vida, fazendo a experiência de Pedro, que descobriu que Jesus “tem palavras de vida eterna”.

Pe Tomaz Hughes - SVD

Assunção de Nossa Senhora - "Minha alma proclama a grandeza do Senhor"


O evangelho de hoje é o Magnificat de Maria, resumo da obra de Deus com ela e em torno dela. Humilde serva – nem tinha sequer o status de mulher casada -, ela foi “exaltada” por Deus, para ser mãe do Salvador e participar de sua glória, pois o amor verdadeiro une para sempre.


Sua grandeza não vem do valor que a sociedade lhe confere, mas da maravilha que Deus opera nela. Um diálogo de amor entre Deus e a moça de Nazaré: ao convite de Deus responde o “sim” de Maria, e à doação de Maria na maternidade e no seguimento de Jesus, responde o grande “sim” de Deus, a glorificação de sua serva.


Em Maria, Deus tem espaço para operar maravilhas. Em compensação, os que estão cheios de si mesmos não deixam Deus agir e, por isso, são despedidos de mãos vazias, pelo menos no que diz respeito às coisas de Deus. O filho de Maria coloca na sombra os poderosos deste mundo, pois enquanto estes oprimem, ele salva de verdade.


Essa maravilha, só é possível porque Maria não está cheia de si mesma, como os que confiam no seu dinheiro e seu status. Ela é serva, está a serviço – como costumam fazer os pobres – e, por isso, sabe colaborar com as maravilhas de Deus. Sabe doar-se, entregar-se àquilo que é maior que sua própria pessoa.


A grandeza do pobre é que ele se dispõe para ser servo de Deus, superando todas as servidões humanas. Mas, para que seu serviço seja grandeza, tem que saber decidir a quem serve: a Deus ou aos que se arrogam injustamente o poder sobre seus semelhantes.


Consciente de sua opção, o pobre realizará coisas que os ricos, presos na sua auto-suficiência, não realizam: a radical doação aos outros, a simplicidade, a generosidade sem cálculo, a solidariedade, a criação de um homem novo para um mundo novo, um mundo de Deus.


A vida de Maria, a “serva”, assemelha-se à do “servo”, Jesus, “exaltado” por Deus por causa de sua fidelidade até a morte (Fl 2,6-11). O amor torna semelhantes as pessoas. Também a glória. Em Maria realiza-se, desde o fim de sua vida na terra, o que Paulo descreve na 2ª leitura: a entrada dos que pertencem a Cristo na vida gloriosa do pai, uma vez que o Filho venceu a morte.


Do livro "Liturgia Dominical", de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
(fonte:www.franciscanos.org.br)

"Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu" 09/08/09



Os interlocutores de Jesus não aceitam a sua pretensão de Se apresentar como “o pão que desceu do céu”.

Eles conhecem a sua origem humana, sabem que o seu pai é José, conhecem a sua mãe e a sua família; e, na sua perspectiva, isso exclui uma origem divina (vers. 41). Em consequência, eles não podem aceitar que Jesus Se arrogue a pretensão de trazer aos homens a vida de Deus.

Em lugar de discutir a questão da sua origem divina, Jesus prefere denunciar aquilo que está por detrás da atitude negativa dos judeus face à proposta que lhes é feita: eles não têm o coração aberto aos dons de Deus e recusam-se a aceitar os desafios de Deus…

O Pai apresenta-lhes Jesus e pede-lhes que vejam em Jesus o “pão” de Deus para dar vida ao mundo; mas os judeus, instalados nas suas certezas, amarrados às suas seguranças, acomodados a um sistema religioso ritualista, estéril e vazio, já decidiram que não têm fome de vida e que não precisam para nada do “pão” de Deus.

Não estão, portanto, dispostos, a acolher Jesus, “o pão que desceu do céu” (vers. 43-46). Eles não escutam Jesus, porque estão instalados num esquema de orgulho e de auto-suficiência e, por isso, não precisam de Deus.

Para aqueles que, efectivamente, O querem aceitar como “o pão de Deus que desceu do céu”, Jesus traz a vida eterna. Ele “é”, de facto, o “pão” que permite ao homem saciar a sua fome de vida (“Eu sou o pão da vida” – vers. 48).

A expressão “Eu sou” é uma fórmula de revelação (correspondente ao nome de Deus – “Eu sou aquele que sou” – tal como aparece em Ex 3,14) que manifesta a origem divina de Jesus e a validade da proposta de vida que Ele traz.

Quem adere a Jesus e à proposta que Ele veio apresentar (“quem acredita” – vers. 47) encontra a vida definitiva. O que é decisivo, neste processo, é o “acreditar” – isto é, o aderir efectivamente a Jesus e aos valores que Ele veio propor.Essa vida que Jesus está disposto a oferecer não é uma vida parcial, limitada e finita; mas é uma vida verdadeira e eterna.

Para sublinhar esta realidade, Jesus estabelece um paralelo entre o “pão” que Ele veio oferecer e o maná que os israelitas comeram ao longo da sua caminhada pelo deserto…

No deserto, os israelitas receberam um pão (o maná) que não lhes garantia a vida eterna e definitiva e que nem sequer lhes assegurava o encontro com a terra prometida e com a liberdade plena (alimentada pelo antigo maná, a geração saída da escravidão do Egipto nunca conseguiu apropriar-se da vida em plenitude e nem sequer chegou a alcançar essa terra da liberdade que buscavam); mas o “pão” que Jesus quer oferecer ao homem levará o homem a alcançar a meta da vida plena (vers. 49-50).

“Vida plena” não indica aqui, apenas, um “tempo” sem fim; mas indica, sobretudo, uma vida com uma qualidade única, com uma qualidade ilimitada – uma vida total, a vida do homem plenamente realizado.Jesus vai dar a sua “carne” (“o pão que Eu hei-de dar é a minha carne” – vers. 51) para que os homens tenham acesso a essa vida plena, total, definitiva. Jesus estará aqui a referir-se à sua “carne” física? Não. A “carne” de Jesus é a sua pessoa – essa pessoa que os discípulos conhecem e que se lhes manifesta, todos os dias, em gestos concretos de amor, de bondade, de solicitude, de misericórdia.

Essa “pessoa” revela-lhes o caminho para a vida verdadeira: nas atitudes, nas palavras de Jesus, manifesta-se historicamente ao mundo o Deus que ama os homens e que os convida, através de gestos concretos, a fazer da vida um dom e um serviço de amor.

(fonte: http://www.agenciaecclesia.pt/)
Pe. Joaquim Garrido, Pe. Manuel Barbosa, Pe. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)